Consideração Final
A pessoa autónoma personaliza-se através da relação inter-pessoal e mostra uma estrutura relacional que a “mise em comum” pela partilha dos contributos de todas as pessoas de outrora ou de hoje.
Na inter-acção pessoal as compreensões, as emoções e sobretudo as respostas a exigências de sobrevivência mútuas são estimuladas através do corpo onde são oferecidos e recebidos actos simples como a palavra, o olhar, o toque, o sorriso, o vestuário, a verticalidade. Actos simples que estimulam os sentidos, a emoção e a racionalidade e que colocam a pessoa numa rede de relações significativas que a levam a transcender e a ter uma dignidade experiêncial humana fundamental. Esta “mise en humanitude” proporciona um sentir-se ser de espécie humana indo ao encontro do que ela tem de mais essencial, o seu próprio desenvolvimento, com um apelo à interacção, à transcendência, à espiritualidade. Esta preocupação com a sobrevivência da humanidade leva a um entendimento ontológico relacional que dá valor ao mistério do humano enquanto domínio do sagrado e leva a servir responsavelmente as ligações inter- pessoais de relação e cuidado com humanitude, relevante, para potenciar a construção da primeira obra do Homem, o desenvolvimento do próprio Homem.
Filosofia da humanitude e construção do humano
Humanitude, palavra criada por Freddy Klopfenstein para se referir a “Inquietude, solitude, habitude: humanitude.”29, foi utilizada por Albert Jacquard em 1986 quando escreveu advertindo para o poder que o Homem actualmente tem de se dizimar completamente dizendo que se deve promover exactamente o contrário, porque a espécie humana tem características que justificam todos os esforços para assegurar a sua sobrevivência30. Desde então desenvolve um pensamento acerca do conceito de humanitude. Ele centra-se na perspectiva evolucionista do desenvolvimento humano e sublinha que a partir de certo momento a sua complexidade era tal que o Homem em inter-acção começou a criar redes colectivas nas quais faz parte e com as quais completa as redes interiores de cada Homem, uma vez que cada um beneficia da partilha das informações ou descobertas dos outros.